Dependência Quìmica: O que è e como lidar com essa realidade?

A dependência química é um problema complexo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Dados do escritório de drogas e crimes das Nações Unidas mostram que, anualmente, cerca de 35 milhões de pessoas, em todo o mundo, são diagnosticadas como dependentes de alguma substância química. A dependência química se manifesta quando uma pessoa desenvolve uma compulsão incontrolável por substâncias psicoativas, como álcool, tabaco, drogas ilícitas ou medicamentos controlados. Neste artigo, discutiremos o que é a dependência química, suas causas e como lidar com essa questão tão desafiadora.

O que é a dependência química?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a dependência química pode ser considerada uma doença crônica que afeta o cérebro, causando alterações na estrutura e função do sistema nervoso central, ainda segundo a OMS, anualmente mais de meio milhão de pessoas perdem a vida por conta da doença. O consumo repetido de substâncias psicoativas pode interferir nos neurotransmissores e nos sistemas de recompensa do cérebro, causando desequilíbrios químicos que afetam o humor, a cognição e a estabilidade emocional. Fazendo com que a pessoa busque cada vez mais a substância para obter prazer ou evitar sintomas de abstinência. 

Segundo dados do SUS (Sistema Único de Saúde), no Brasil, as drogas com maior número de dependentes em nossa sociedade são: álcool, tabaco, cocaína e seus derivados.

Álcool:

O consumo compulsivo de álcool, torna o usuário progressivamente tolerante à intoxicação produzida pela substância. O usuário passa então a ter sintomas de abstinência quando fica sem acesso ao álcool. O fácil acesso a substância torna-a uma das mais difíceis de se libertar do vício.

Maconha

A dependência da maconha causa problemas de saúde semelhantes aos do tabaco: hipertensão, asma, bronquite, cânceres, doenças cardíacas e doenças crônicas obstrutivas das vias aéreas. No caso de pessoas com transtornos psicóticos (pré-existentes), como ansiedade pode ocorrer um agravamento do quadro, culminando em um ataque de pânico. O uso regular pode levar  ao comprometimento do rendimento intelectual, à perda de memória e à inabilidade de resolver problemas. 

Cocaína

A cocaína é um psico-estimulante que pode ser consumida de duas formas: aspirado ou via intravenosa. O consumo constante de cocaína gera resistência nos usuários que passam a consumir progressivamente cada vez mais quantidade a fim de gerar o efeito desejado. No Brasil, a cocaína é a substância mais utilizada pelos usuários de drogas injetáveis. Outro risco do consumo de cocaína é o compartilhamento de agulhas e seringas que acabam por expor os usuários a uma grande variedade de doenças, entre elas a hepatite e a Aids.

Crack

O crack é um derivado da cocaína, mais barato e acessível, ele é resultante da mistura de cocaína, bicarbonato de sódio e água destilada, resultando em grãos, ou pedras, que são fumados em cachimbos. O consumo do crack é bem maior que o da cocaína devido ao preço e duração do efeito (mais curto que o da cocaína). O crack causa forte dependência e têm ação destrutiva no sistema nervoso, respiratório e cardíaco. 

Anfetaminas

São drogas sintéticas de efeito estimulante do sistema nervoso central e só podem ser comercializadas sob prescrição médica. Um tipo de anfetamina ilícita não encontrada em farmácias é a droga conhecida por êxtase, que provoca dependência fazendo com que o usuário tenha de consumir maiores quantidades de comprimidos para obter os mesmos efeitos. O uso indevido e prolongado pode provocar alterações psíquicas, lesões cerebrais e aumento do risco de convulsões e overdose.

Calmantes e sedativos

Os medicamentos capazes de diminuir a atividade do cérebro são chamados de sedativos, já os que são capazes de diminuir a dor são conhecidos como analgésicos. Os hipnóticos ou soníferos são os sedativos capazes de afastar a insônia, já os ansiolíticos têm o poder de atuar sobre estados exagerados de ansiedade.

Causas da dependência química:

A dependência química é uma condição multifatorial, influenciada por diversos fatores, como predisposição genética, ambiente familiar, traumas psicológicos, histórico de abuso ou negligência, entre outros. O uso inicial das substâncias pode ser voluntário, mas, ao longo do tempo, o controle sobre o consumo é perdido, levando à dependência física e psicológica. Segundo pesquisas na área, filhos de alcoólatras têm até 4x mais propensão ao alcoolismo que os demais.

Como lidar com a dependência química?

O primeiro passo para lidar com a dependência química é reconhecer o problema e aceitar que é necessário buscar ajuda. Tanto a pessoa que enfrenta a dependência quanto seus familiares devem compreender a gravidade da situação e estar dispostos a buscar soluções.

A dependência química é uma doença que requer tratamento especializado. A busca por profissionais capacitados, como médicos, psicólogos e terapeutas, é fundamental para oferecer suporte durante todo o processo de recuperação. Existem clínicas de reabilitação, grupos de apoio e programas terapêuticos disponíveis, que podem ajudar a lidar com os desafios enfrentados.

O tratamento da dependência química deve ser abordado de forma multidisciplinar, combinando terapias comportamentais, apoio psicológico, tratamento medicamentoso (quando necessário) e suporte social. Cada caso é único, e é importante adaptar o tratamento às necessidades individuais.

A dependência química é uma condição crônica, não curável, mas passível de controle. A prevenção de recaídas é um desafio constante. É essencial identificar gatilhos, evitar ambientes ou pessoas que incentivem o uso da substância e desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis para lidar com situações estressantes ou tentadoras.

O suporte da família e dos amigos é crucial para o processo de recuperação. Compreender a dependência química como uma doença, mostrar empatia, incentivar o tratamento e participar de grupos de apoio podem fazer uma diferença significativa na vida da pessoa.

 

Os efeitos da dependência química na saúde mental: identificação e tratamento

 Como dito anteriormente, a dependência química é uma questão complexa que afeta não apenas o corpo físico, mas também a saúde mental de milhões de pessoas ao redor do mundo. O abuso de substâncias como álcool, tabaco, drogas ilícitas e medicamentos prescritos pode ter consequências devastadoras para o bem-estar psicológico dos indivíduos. 

Em primeiro lugar, é importante compreender que a dependência química e os transtornos mentais estão interligados. Muitas vezes, o abuso de substâncias ocorre como uma forma de automedicação para lidar com problemas emocionais subjacentes, como ansiedade, depressão, traumas passados ou transtornos de personalidade. No entanto, ao invés de resolver essas questões, o uso de drogas ou álcool acaba agravando-as e criando um ciclo vicioso difícil de quebrar.

Os efeitos da dependência química na saúde mental podem ser diversos. A longo prazo, o abuso de substâncias pode levar ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, como a depressão maior, transtorno bipolar e transtornos de ansiedade. Além disso, a dependência química está frequentemente associada a um aumento do risco de suicídio, devido ao desespero e à sensação de desamparo que os indivíduos dependentes podem experimentar.

Uma vez identificada a dependência química e os problemas de saúde mental, o tratamento adequado é essencial. Um programa de reabilitação abrangente deve abordar tanto a dependência química quanto os transtornos mentais subjacentes. Isso geralmente envolve uma combinação de terapia individual e em grupo, a fim de fornecer suporte emocional, desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis e promover mudanças comportamentais positivas.

Além disso, é importante lembrar que o tratamento da dependência química e da saúde mental não é um processo rápido ou fácil. É necessário tempo, esforço e determinação para superar os desafios associados à dependência e aos transtornos mentais. O apoio contínuo da família, amigos e profissionais de saúde é fundamental nesse processo.

 É fundamental combater o estigma em torno da dependência e dos transtornos mentais, buscando apoio e informação para criar uma sociedade mais compreensiva e solidária para aqueles que lutam contra esses desafios.

Além disso, a dependência química pode levar ao isolamento social e à deterioração dos relacionamentos pessoais. Muitas vezes, os indivíduos dependentes se afastam de amigos e familiares, perdendo o interesse em atividades sociais e negligenciando responsabilidades pessoais e profissionais. Esse isolamento social pode agravar ainda mais os problemas de saúde mental, aumentando a sensação de solidão, tristeza e baixa autoestima.

A identificação precoce da dependência química e dos problemas de saúde mental é crucial para interromper o ciclo vicioso e iniciar o processo de recuperação. Profissionais de saúde, como médicos, psicólogos e terapeutas, desempenham um papel fundamental na detecção dos sinais e sintomas, por meio de entrevistas, exames físicos e avaliações psicológicas. Também é importante incentivar amigos e familiares a estar atentos a possíveis mudanças de comportamento e a oferecer apoio e encorajamento para que a pessoa procure ajuda.

Entenda que a recaída é uma possibilidade real, mas não é um sinal de fracasso. É importante encorajar os indivíduos a perseverarem em sua jornada de recuperação e a buscar apoio quando necessário.

Identificação da dependência química:

Observe mudanças comportamentais

Esteja atento aos sinais físicos

Avalie a presença de problemas legais ou financeiros

Tratamento da dependência química:

Busque apoio profissional

Considere a desintoxicação

Terapia individual e em grupo

Medicamentos

Estabeleça um plano de apoio contínuo

 

É fundamental entender que cada pessoa é única e que o tratamento deve ser adaptado às necessidades individuais. Portanto, é importante buscar ajuda profissional para receber orientação personalizada e especializada durante todo o processo de identificação e tratamento da dependência química e dos problemas de saúde mental associados. O CADQ Brasil pode te ajudar. Venha nos conhecer

 

Fontes:

Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde

Departamento de drogas e crimes das Nações Unidas

FANTINATO, 2011; 

Organização Mundial da Saúde (OMS)

REISDORFER, 2010

Sistema Único de Saúde (SUS)

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